terça-feira, 4 de setembro de 2012

FIGURAS DE LINGUAGEM


A importância em reconhecer figuras de linguagem está no fato de que tal conhecimento, além de auxiliar a compreender melhor os textos literários, deixa-nos mais sensíveis à beleza da linguagem e ao significado simbólico das palavras e dos textos. 
Definição: Figuras de linguagem são certos recursos não convencionais que o falante ou escritor cria para dar maior expressividade à sua mensagem.
METÁFORA 
É o emprego de uma palavra com o significado de outra em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É uma comparação subentendida. 
Exemplo: Minha boca é um tumulo
Essa rua é um verdadeiro deserto.
COMPARAÇÃO 
Consiste em atribuir características de um ser a outro, em virtude de uma determinada semelhança.
 Exemplo: O meu coração está igual a um céu cinzento
O carro dele é rápido como um avião.
PROSOPOPÉIA 
É uma figura de linguagem que atribui características humanas a seres inanimados. Também podemos chamá-la de PERSONIFICAÇÃO. 
Exemplo: O céu está mostrando sua face mais bela. 
O cão mostrou grande sisudez.
SINESTESIA 
Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes. 
Exemplo: Raquel tem um olhar frio, desesperador.
Aquela criança tem um olhar tão doce.
CATACRESE 
É uma metáfora desgastada, tão usual que já não percebemos. Assim, a catacrese é o emprego de uma palavra no sentido figurado por falta de um termo próprio. 
Exemplo: O menino quebrou o braço da cadeira. 
A manga da camisa rasgou.
METONÍMIA 
É a substituição de uma palavra por outra, quando existe uma relação lógica, uma proximidade de sentidos que permite essa troca. Ocorre metonímia quando empregamos:
- O autor pela obra. 
Exemplo: Li Jô Soares dezenas de vezes. (a obra de Jô Soares)
- O continente pelo conteúdo. 
Exemplo: O ginásio aplaudiu a seleção. (ginásio está substituindo os torcedores)
- A parte pelo todo. 
Exemplo: Vários brasileiros vivem sem teto, ao relento. (teto substitui casa)
- O efeito pela causa. 
Exemplo: Suou muito para conseguir a casa própria. (suor substitui o trabalho)
PERÍFRASE 
É a designação de um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou. 
Exemplo:
A Veneza Brasileira também é palco de grandes espetáculos. (Veneza Brasileira = Recife) 
A Cidade Maravilhosa está tomada pela violência. (Cidade Maravilhosa = Rio de Janeiro)
ANTÍTESE 
Consiste no uso de palavras de sentidos opostos. 
Exemplo: Nada com Deus é tudo.
Tudo sem Deus é nada.
EUFEMISMO 
Consiste em suavizar palavras ou expressões que são desagradáveis. 
Exemplo: Ele foi repousar no céu, junto ao Pai. (repousar no céu = morrer) 
Os homens públicos envergonham o povo. (homens públicos = políticos)
HIPÉRBOLE 
É um exagero intencional com a finalidade de tornar mais expressiva a ideia. 
Exemplo: Ela chorou rios de lágrimas. 
Muitas pessoas morriam de medo da perna cabeluda.
IRONIA 
Consiste na inversão dos sentidos, ou seja, afirmamos o contrário do que pensamos.
 Exemplo: Que alunos inteligentes, não sabem nem somar.  
Se você gritar mais alto, eu agradeço.
ONOMATOPÉIA  
Consiste na reprodução ou imitação do som ou voz natural dos seres. 
Exemplo: Com o au-au dos cachorros, os gatos desapareceram. 
Miau-miau. – Eram os gatos miando no telhado a noite toda.
ALITERAÇÃO 
Consiste na repetição de um determinado som consonantal no início ou interior das palavras. 
Exemplo: O rato roeu a roupa do rei de Roma.
ELIPSE 
Consiste na omissão de um termo que fica subentendido no contexto, identificado facilmente. 
Exemplo: Após a queda, nenhuma fratura.
ZEUGMA 
Consiste na omissão de um termo já empregado anteriormente. 
Exemplo: Ele come carne, eu verduras.
PLEONASMO 
Consiste na intensificação de um termo através da sua repetição, reforçando seu significado. 
Exemplo: Nós cantamos um canto glorioso.
POLISSÍNDETO  
É a repetição da conjunção entre as orações de um período ou entre os termos da oração. 
Exemplo: Chegamos de viagem e tomamos banho e saímos para dançar.
ASSÍNDETO 
Ocorre quando há a ausência da conjunção entre duas orações.
Exemplo: Chegamos de viagem, tomamos banho, depois saímos para dançar.
ANACOLUTO 
Consiste numa mudança repentina da construção sintática da frase. 
Exemplo: Ele, nada podia assustá-lo.
Nota: o anacoluto ocorre com frequência na linguagem falada, quando o falante interrompe a frase, abandonando o que havia dito para reconstruí-la novamente.
ANAFÓRA 
Consiste na repetição de uma palavra ou expressão para reforçar o sentido, contribuindo para uma maior expressividade.
Exemplo: 
Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro noturno. (Fernando Pessoa)
SILEPSE 
Ocorre quando a concordância é realizada com a ideia e não sua forma gramatical. Existem três tipos de silepse: gênero, número e pessoa.
De gênero
Exemplo: 
Vossa excelência está preocupado com as notícias. (a palavra vossa excelência é feminina quanto à forma, mas nesse exemplo a concordância se deu com a pessoa a que se refere o pronome de tratamento e não com o sujeito). 
De número
Exemplo: A boiada ficou furiosa com o peão e derrubaram a cerca. (nesse caso a concordância se deu com a ideia de plural da palavra boiada). 
De pessoa  
Exemplo: As mulheres decidimos não votar em determinado partido até prestarem conta ao povo. (nesse tipo de silepse, o falante se inclui mentalmente entre os participantes de um sujeito em 3ª pessoa).

Vícios de linguagem

A gramática é um conjunto de regras que estabelece um determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão. Acontece que as normas estabelecidas pela gramática normativa nem sempre são obedecidas, em se tratando da linguagem escrita.  O ato de desviar-se da norma padrão no intuito de alcançar uma maior expressividade, refere-se às figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.

a)
Barbarismo: consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.
pesquiza (em vez de pesquisa)
prototipo (em vez de protótipo)

b)
Solecismo: consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática.
Fazem dois meses que ele não aparece. (em vez de faz ; desvio na sintaxe de concordância)

c)
Ambiguidade : trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um sentido.
O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda ou do suspeito?)

d)
Cacófato: consiste no mau som produzido pela junção de palavras.
Paguei cinco mil reais por cada.

e)
Pleonasmo vicioso:  consiste na repetição desnecessária de uma ideia.
O pai ordenou que a menina entrasse para dentro imediatamente.
Observação: Quando o uso do pleonasmo se dá de modo enfático, este não é considerado vicioso.

f)
Eco: trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.
O menino repetente mente alegremente.